Para que um livro possa receber a designação
de livro de artista é condição que
arte e livro estejam unidos em uma única poesia.
Paulo
da Silveira (2001), em seu livro A página
violada: da ternura à injúria na construção do livro de artista, conceitua
o livro de artista como um objeto
híbrido, intermidiático, que abrange todas as categorias onde a imagem e a
palavra conversam das mais variadas formas. Além disso, coloca como
prerrogativa a participação do artista na sua execução.
Por
abranger as mais diferentes categorias - livro objeto, livro-poema,
poema-livro, livro-obra, livro ilustrado, livro-arte, arte-livro – o livro de artista é de difícil
conceituação e classificação.
Esta imprecisão, mais do que dificultar ou
restringir, amplia as possibilidades de ser do livro de artista. Segundo Drucker (1995 apud SILVEIRA, 2001, p. 39)
“não existem limites ao que os livros de artista podem ser e nem regras para
sua construção.”.
Apesar desta multiplicidade, ele não pode ser
confundido com livros de arte, livros brinquedo ou belos livros ilustrados. O livro de artista é “quase sempre
autoconsciente sobre a estrutura e significado do livro quanto forma.”
(DRUCKER, 1995, apud SILVEIRA, 2001, p. 37), ou
seja, ele inclui no livro o próprio livro, intencionalmente, materialmente e
conceitualmente.
Por
conter arte e literatura em um único espaço, sua linguagem é também visual e
constrói uma narrativa através de outros signos que não só as palavras.
No
Brasil, eles são pouco divulgados e conhecidos, principalmente quando o público
é a criança. Na literatura infantojuvenil brasileira existem livros que possuem
características aproximadas às do livro
de artista como “O cântico dos cânticos” de Ângela Lago e “Flicts” de
Ziraldo, mas não há uma produção consistente e consciente desta categoria
literária e artística, como acontece em outros países.
Quando
a criança e o livro se encontram, encontram-se também muitas possibilidades de
leitura, mas especialmente, neste caso, elas podem ser potencializadas. Íntimo
se torna o livro. Deixa de ser uma embalagem, para se tornar um objeto que contêm
em si mesmo todo o seu universo plástico e poético.
Para a criança o livro de artista é uma oportunidade única de ter, ao mesmo tempo,
arte e livro, ao alcance das próprias mãos. O livro como “matriz de
sensibilidade”, como objeto que contém várias linguagens e que por isso
propicia leituras diferenciadas.
Bibliografia:
MUNARI,
Bruno. Das coisas nascem coisas:
Tradução José Manuel de Vasconcelos. São Paulo: Martins Fontes, 2008. (coleção
a) Título Original: Da cosa nasce cosa.
PLAZA,
Julio. O Livro como forma de arte (I). Arte
em São Paulo, São Paulo, n.6, abr. 1982.
SILVEIRA,
Paulo. A página violada: da ternura à
injúria na construção do livro de artista. Porto Alegre: Editora da UFRGS,
2001.
TURRER, Daisy. O livro de artista e o
paratexto. PÓS: Revista do Programa
de Pós-Graduação em Artes da Escola de Belas Artes da UFMG. V.2, n.3, mai.
2012. Livro de artista.
VENEROSO,
Maria do Carmo de Freitas. Imagem da
escrita, escrita da Imagem. Texto Inédito. UFMG. Escola de Belas Artes.
Programa de Pós-Graduação em Artes.
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