Projeto contemplado
pelo edital “Marcas da Memória”
Patrocinado pela Comissão da Anistia MJ
A Arpillera é uma técnica têxtil chilena que possui
raízes numa antiga tradição popular iniciada por um grupo de bordadeiras
de Isla Negra, localizada no litoral central chileno.
A conhecida folclorista Violeta Parra ajudou a difundir este trabalho artesanal, e expôs uma série de arpilleras no Pavilhão Marsan do Museu de Artes Decorativas do Louvre, em 1964, tendo achado nesta técnica “uma linguagem para poder transmitir histórias, sonhos e conceitos”. A própria Violeta diz em entrevista “as arpilleras são como cancões que se pintam”. A diferencia principal entre aquelas arpilleras e as que compõem esta mostra é que estas foram confeccionadas com retalhos e sobras de pano; – o bordado é só um accessório ao trabalho têxtil. Assim como as arpilleras originais que as inspiraram, estas foram montadas em suporte de aniagem, pano rústico proveniente de sacos de farinha ou batatas, geralmente fabricados em cânhamo ou linho grosso. Toda a costura é feita à mão, utilizando agulhas e fios. Às vezes sao adicionados fios de la à mão e com crochê, para realçar os contornos das figuras. Normalmente o tamanho destas obras era determinado pela dimensão do saco. Uma vez consumido o seu conteúdo, ele rea lavado e cortado em seis partes, possibilitando assim que o mesmo número de mulheres bordasse a sua própria história, a de sua família e de sua comunidade. A tela de fundo se chama arpillera, dando o nome a essa expressão artística popular.
Graças as arpilleras muitas mulheres chilenas puderam denunciar e enfrentar a ditadura desde fins de 1973. As arpilleras mostravam o que realmente estava acontecendo nas suas vidas, constituindo expressões de tenacidade e da força com que elas levavam adiante a luta pela verdade e pela justiça.
Roberta Bacic,
pesquisadora e curadora de expossiçoes de Arpilleras
(texto extraído do catálogo da
exposiçao “Arpilleras da Resistencia Política Chilena”. Memorial da Resistência
de Sao Paulo)
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