Uma das componentes do grupo de trabalho
“Literatura infantil: o papel da mediação” trabalha há quatro anos em uma
escola municipal da periferia de Belo Horizonte. Essa escola fica localizada no
Conjunto Paulo VI, região de risco, marcada pela pobreza, drogas e violência.
Quando
iniciou suas atividades como alfabetizadora nesse espaço escolar, buscou ajuda
da coordenação para frequentar, com sua turma, a biblioteca da escola. No
entanto, não foi possível realizar essa vontade de estender seu trabalho para
fora da sala de aula, já que a biblioteca era um espaço que não tinha vida.
Isso acontecia porque não era permitido que alunos e professores frequentassem
esse espaço.
Para que os alunos
pudessem ter acesso a alguns livros da Literatura Infantil ou Revistinhas em Quadrinhos, a coordenação da
escola tinha que entrar na Biblioteca quando a auxiliar não estivesse presente.
Quando essa funcionária descobria, ela ia até a professora e cobrava todo o
material retirado. A auxiliar de biblioteca tinha grande preocupação em manter
e conservar o acervo, evitando que fosse destruído ou deteriorado.
Nesse tempo em que a
biblioteca não funcionava a componente do grupo, juntamente com outras
professoras, começou a construir pequenas bibliotecas na sala de aula para que
os alunos pudessem levar livros para casa e realizar leituras, ora de forma
coletiva, ora de forma individual.
A saída dessa
funcionária marcou o renascimento deste espaço. Chegou na escola um auxiliar de
biblioteca que fez desse espaço, um espaço em que todos os alunos e professores
se sentissem “em casa”. A transformação foi significativa. As crianças passaram
a frequentar a biblioteca, inclusive no horário de recreio, puderam também
tocar nos livros e manuseá-los e, as professoras passaram a ter a oportunidade
de levar as crianças semanalmente para contar histórias e escolher livros.
Além da abertura deste
espaço, o auxiliar de biblioteca passou a mediar a leitura das crianças a
partir da exposição dos livros, da contação de histórias e do trabalho conjunto
com o grupo de professores.
Realizamos uma
entrevista com esse profissional que considera a leitura e o acesso a ela um
direito de todos, principalmente das crianças que estão em formação:
-Quais são as suas funções como auxiliar
de biblioteca?
Organização
do Acervo. Mediação e estímulo à leitura através de ações culturais e
pedagógicas. (jogos, brincadeiras, contação de história). Suporte aos
professores e coordenação.
- Qual é o papel que você considera ter
em relação ao incentivo à leitura das crianças na escola?
Primeiramente
o trato com as crianças. O acolhimento no espaço faz com que sejam bem vindos e
queridos. Exposição estratégica dos livros promovendo uma boa visibilidade do
acervo e, por fim, as ações culturais como jogos, brincadeiras, leitura e
contração de histórias. Além disso, ações conjuntas com os professores.
- Por que você organiza o espaço da
biblioteca, facilitando o acesso aos livros, quando as crianças a visitam?
Para
promover a visibilidade do acervo e dinamizar o acesso ao livro.
-O que você sente quando conta histórias
para as crianças?
Sinto
que elas se transportam para outro tempo e lugar e eu também. É um momento de
puro carinho e afeto.
- Como você escolhe os livros para ler
para as crianças?
Não
há uma regra. Livros que já conheço, livros que os meninos e meninas pedem ou
escolhidos aleatoriamente.
-Qual a importância de mediar a leitura
para os leitores em formação?
Estimular
o gosto pela leitura e aprimorar a capacidade de buscar informação e
apropriar-se do espaço com autonomia, solidariedade e respeito. Bons leitores
são melhores alunos, indivíduos questionadores e curiosos.
- Para você qual é o papel da escola na
formação de leitores literários?
A
escola deve dar todo valor à leitura prazerosa. A criança tudo realiza através do
brincar, portanto jogos, brincadeiras e ações culturais como teatro, musica,
dança capoeira, artesanato, ecologia, entre outros, são veículos poderosos para
estimular o intelecto e o prazer em aprender. Além disso, a escola deve
promover um ambiente harmonioso e acolhedor onde os estudantes sintam-se
queridos e respeitados em suas peculiaridades e histórias de vida. Com relação
à leitura, acredito e apoio todas as turmas devem desenvolver projeto literário
na biblioteca desenvolvido com o professor e com o suporte do auxiliar de
biblioteca. As possibilidades são muitas: peça de teatro, confecção de livros,
canto cora com música e poema, gincana literária e tantas outras. Sempre com o
cuidado em realizar uma vivencia prazerosa, feliz e autônoma, em que
valorizamos o processo e não o resultado final.
Nenhum comentário:
Postar um comentário