segunda-feira, 17 de novembro de 2014

A BIBLIOTECA QUE GANHOU VIDA: O PAPEL DO AUXILIAR DE BIBLIOTECA EM UMA ESCOLA MUNICIPAL DE BELO HORIZONTE

Uma das componentes do grupo de trabalho “Literatura infantil: o papel da mediação” trabalha há quatro anos em uma escola municipal da periferia de Belo Horizonte. Essa escola fica localizada no Conjunto Paulo VI, região de risco, marcada pela pobreza, drogas e violência.
            Quando iniciou suas atividades como alfabetizadora nesse espaço escolar, buscou ajuda da coordenação para frequentar, com sua turma, a biblioteca da escola. No entanto, não foi possível realizar essa vontade de estender seu trabalho para fora da sala de aula, já que a biblioteca era um espaço que não tinha vida. Isso acontecia porque não era permitido que alunos e professores frequentassem esse espaço.
Para que os alunos pudessem ter acesso a alguns livros da Literatura Infantil ou  Revistinhas em Quadrinhos, a coordenação da escola tinha que entrar na Biblioteca quando a auxiliar não estivesse presente. Quando essa funcionária descobria, ela ia até a professora e cobrava todo o material retirado. A auxiliar de biblioteca tinha grande preocupação em manter e conservar o acervo, evitando que fosse destruído ou deteriorado.
Nesse tempo em que a biblioteca não funcionava a componente do grupo, juntamente com outras professoras, começou a construir pequenas bibliotecas na sala de aula para que os alunos pudessem levar livros para casa e realizar leituras, ora de forma coletiva, ora de forma individual.
A saída dessa funcionária marcou o renascimento deste espaço. Chegou na escola um auxiliar de biblioteca que fez desse espaço, um espaço em que todos os alunos e professores se sentissem “em casa”. A transformação foi significativa. As crianças passaram a frequentar a biblioteca, inclusive no horário de recreio, puderam também tocar nos livros e manuseá-los e, as professoras passaram a ter a oportunidade de levar as crianças semanalmente para contar histórias e escolher livros.
Além da abertura deste espaço, o auxiliar de biblioteca passou a mediar a leitura das crianças a partir da exposição dos livros, da contação de histórias e do trabalho conjunto com o grupo de professores.
Realizamos uma entrevista com esse profissional que considera a leitura e o acesso a ela um direito de todos, principalmente das crianças que estão em formação:

-Quais são as suas funções como auxiliar de biblioteca?
Organização do Acervo. Mediação e estímulo à leitura através de ações culturais e pedagógicas. (jogos, brincadeiras, contação de história). Suporte aos professores e coordenação.

- Qual é o papel que você considera ter em relação ao incentivo à leitura das crianças na escola?
Primeiramente o trato com as crianças. O acolhimento no espaço faz com que sejam bem vindos e queridos. Exposição estratégica dos livros promovendo uma boa visibilidade do acervo e, por fim, as ações culturais como jogos, brincadeiras, leitura e contração de histórias. Além disso, ações conjuntas com os professores.

- Por que você organiza o espaço da biblioteca, facilitando o acesso aos livros, quando as crianças a visitam?
Para promover a visibilidade do acervo e dinamizar o acesso ao livro.

-O que você sente quando conta histórias para as crianças?
Sinto que elas se transportam para outro tempo e lugar e eu também. É um momento de puro carinho e afeto.

- Como você escolhe os livros para ler para as crianças?
Não há uma regra. Livros que já conheço, livros que os meninos e meninas pedem ou escolhidos aleatoriamente.

-Qual a importância de mediar a leitura para os leitores em formação?
Estimular o gosto pela leitura e aprimorar a capacidade de buscar informação e apropriar-se do espaço com autonomia, solidariedade e respeito. Bons leitores são melhores alunos, indivíduos questionadores e curiosos.

- Para você qual é o papel da escola na formação de leitores literários?

A escola deve dar todo valor à leitura prazerosa. A criança tudo realiza através do brincar, portanto jogos, brincadeiras e ações culturais como teatro, musica, dança capoeira, artesanato, ecologia, entre outros, são veículos poderosos para estimular o intelecto e o prazer em aprender. Além disso, a escola deve promover um ambiente harmonioso e acolhedor onde os estudantes sintam-se queridos e respeitados em suas peculiaridades e histórias de vida. Com relação à leitura, acredito e apoio todas as turmas devem desenvolver projeto literário na biblioteca desenvolvido com o professor e com o suporte do auxiliar de biblioteca. As possibilidades são muitas: peça de teatro, confecção de livros, canto cora com música e poema, gincana literária e tantas outras. Sempre com o cuidado em realizar uma vivencia prazerosa, feliz e autônoma, em que valorizamos o processo e não o resultado final. 

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